domingo, 6 de novembro de 2011

Manifesto - Rede Brasileira de Teatro de Rua - Prêmio Teatro Brasileiro


À Comissão de Tributação e Finanças da Câmara dos Deputados
Deputado Pedro Eugênio (PT-PE)


MANIFESTO
REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA
PRÊMIO TEATRO BRASILEIRO.



A Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR, um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, reunida de 27 a 30 de outubro de 2011, na Aldeia Cultural Casa Viva, Cidade de Teresópolis, RJ, em seu 9º Encontro, tendo em vista, sua luta por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado que garantam o direito à produção e ao acesso aos bens culturais a todos os cidadãos brasileiros e;
Considerando que o Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos, democrático e inclusivo;
Considerando que nossa atividade artística, que compreendemos como “Arte Pública”, não se enquadra neste sistema de financiamento perverso baseado na lei de renuncia fiscal que vem sendo  proposto e defendido por este governo.
Considerando uma luta histórica que vem sendo travada por mais de dez anos pelos movimentos teatrais e artísticos organizados por todo Brasil, que visam a criação e manutenção de programas de fomento as artes, vinculado a uma política de estado para cultura
Considerando, por último, nossa posição pela extinção da Lei Rouanet e de quaisquer mecanismos de financiamentos que utilizem a renúncia fiscal, por compreendermos que a utilização da verba pública deve dar-se através do financiamento direto do Estado com regras claras e transparentes e com a participação da sociedade civil organizada.:
Exigimos a retirada do texto do Prêmio Teatro Brasileiro do Projeto de Lei, denominado: PROCULTURA e que o mesmo seja transformado em lei específica com dotação orçamentária própria e com financiamento direto.,  pois acreditamos que o poder público não deve e nem pode abrir mão de suas responsabilidades para a manutenção e apoio das atividades artísticas populares que não tem como premissa gerar lucro ou produzir mercadorias.

“A Arte Pública não é e não pode ser produção do poder público.Não é!Mas, cabe ao poder público reconhecer sua existência e importância”.
(Amir Haddad – Ator e Diretor Teatral – Fundador: Grupo Tá Na Rua – RJ).

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Teresópolis – RJ - 30 de outubro de 2011
Rede Brasileira de Teatro de Rua.

9º Encontro RBTR – CARTA DE TERESÓPOLIS

REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA – RBTR 
 Carta de Teresópolis

 A Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR, criada em março de 2007, em Salvador/Bahia, é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo. Todos os grupos de teatro, artistas-trabalhadores, pesquisadores e pensadores envolvidos com o fazer artístico da rua, pertencentes a RBTR podem e devem ser seus articuladores para, assim, ampliar e capilarizar, cada vez mais reflexões e pensamentos, com encontros, movimentos e ações em suas localidades.

 O intercâmbio da Rede Brasileira de Teatro de Rua ocorre de forma presencial e virtual, entretanto toda e qualquer deliberação é feita nos encontros presenciais, sendo que seus articuladores farão, ao menos, dois encontros anuais de forma rotativa de maneira a contemplar todas as regiões brasileiras, valorizando as necessidades mais urgentes dentro do país. Os articuladores de todos os Estados, bem como os coletivos regionais, deverão se organizar para garantir a participação nos encontros, além da continuidade dos trabalhos iniciados nos Grupos de Trabalhos (GT´s), a saber: 1) Política e Ações estratégicas; 2) Pesquisa; 3) Colaboração artística; 4) Comunicação.

 A Rede Brasileira de Teatro de Rua reunida de 27 a 30 de outubro de 2011, na Aldeia Cultural Casa Viva, Cidade de Teresópolis, RJ, em seu 9º Encontro reafirma sua missão de:

 · Reafirmar a necessidade por um mundo socialmente justo e igualitário que respeite as diversidades;

 ·Contribuir para o desenvolvimento do fazer teatral de rua, possibilitando as trocas de experiências artísticas e políticas entre os articuladores da rede;

 · Lutar por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado por meio de fundos públicos de cultura, garantindo assim o direito à produção e ao acesso aos bens culturais a todos os cidadãos brasileiros;

 · Lutar pelo livre uso dos espaços públicos abertos, que garanta a prática artística, considerando as especificidades dos diversos segmentos das artes cênicas e respeitando o artigo 5° da constituição brasileira*.

 Os articuladores da Rede Brasileira de Teatro de Rua, com o objetivo de construir políticas públicas culturais mais democráticas e inclusivas, defendem:

 · A criação da Lei que instituirá o Programa de Fomento ao Teatro de Rua do Brasil com o financiamento direto do Estado que contempla: produção, circulação, formação, trabalho continuado, registro e memória, manutenção, pesquisa, intercâmbio, vivência, mostras e encontros de teatro de rua, levando em consideração as especificidades de cada região (ex: custo amazônico);

 · Debater e criar junto ao poder público, marcos legais para plena utilização dos espaços públicos abertos, extinguindo todas e quaisquer cobranças de taxas, bem como a excessiva burocracia para as apresentações de artistas-trabalhadores de rua;

 · Ocupar prédios passíveis de serem considerados de utilidade pública e que não cumprem sua função social, transformando-os em sedes de grupos que desenvolvam ações continuadas;

 · Que os editais federais sejam publicados no primeiro trimestre de cada ano com maior aporte de verbas, liberadas sem atrasos, respeitando-se os prazos estipulados pelo edital e a publicação da lista de projetos contemplados e suplentes, e a divulgação de parecer técnico de todos os projetos avaliados pela comissão;

 · Que os editais sejam estruturados e divididos, pensando as realidades de cada Estado, e que sejam criadas comissões igualmente regionalizadas e indicadas pelos movimentos artísticos organizados de cada região, bem como a criação de mecanismos de acompanhamento e assessoramento dos artistas-trabalhadores e grupos fazedores das artes cênicas da rua;

 · A representatividade do teatro de rua nos colegiados setoriais e conselhos das instâncias Municipal, Estadual e Federal;

 · A aprovação e regulamentação imediata da PEC 150/03 (atual PEC 147), que vincula para a cultura, o mínimo de 2% do orçamento da União, 1,5% no orçamento dos estados e Distrito Federal e 1% no orçamento dos municípios;

 · A criação de uma legislação específica para a cultura, já que a lei 8.666/93 não contempla as especificidades da área cultural;

 · A extinção da Lei Rouanet e de quaisquer mecanismos de financiamentos que utilizem a renúncia fiscal, por compreendermos que a utilização da verba pública deve se dar através do financiamento direto do Estado, por meios de programas e editais em formas de prêmios elaborados pelos segmentos organizados da sociedade;

 · Que sejam incluídas dentro das Universidades, instituições de ensino e escolas técnicas, matérias referentes ao estudo do Teatro de Rua, da Cultura Popular Brasileira e do teatro da América Latina;

 · A valorização e financiamento das publicações e estudos de materiais específicos sobre teatro de rua e manifestações da cultura popular e sua distribuição, respeitando sua forma de saber enquanto registro.

 O Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Assim, instituímos o dia 27 de março, dia mundial do teatro e dia nacional do circo, como o dia de mobilização nacional por políticas públicas, e conclamamos os artistas- trabalhadores de rua e a população brasileira a lutarem pelo direito à cultura e à vida.

 Reunidos nestes quatro dias, deliberou-se que os próximos encontros, em 2012, serão sediados nas cidades de Santos\SP e João Pessoa\PB.

 “Viva o Teatro de Rua!!!”

 30 de outubro de 2011
 Teresópolis – RJ

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas


Apresentados em espaços públicos, o evento traz grupos que pesquisam a linguagem do teatro de rua. Um dos objetivos da Mostra é proporcionar novas oportunidades para os criadores dessa arte, buscando apoio institucional e espaços para apresentações. O evento aponta também para a importância da realização de debates e publicação de vivências estético-teóricas dos grupos, ampliando a reflexão e a troca de experiências que resulta em apuro estético e aperfeiçoamento das linguagens de cada coletivo.

Esse ano a mostra vai ser realizada de 18 a 27 de novembro, nas regiões norte, sul, leste, oeste e centro da cidade de São Paulo. Vamos ficar atentos à programação!

Abaixo, segue o link de um vídeo da 4ª  Mostra, que aconteceu em 2009. O vídeo é daqueles de arrepiar até a alma. Vale conferir!

VIVA O TEATRO DE RUA! VIVA A ARTE PÚBLICA!

{vídeo aqui!}

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

DIVIRTA-SE

DIVIRTA-SE (Ale Simioni) 



Há pouco estava em Curitiba e um amigo me contou uma história curiosa: Quando ele trabalhava em uma agência de turismo, estava num daqueles dias super "zuado", como ele mesmo disse, com a energia lá embaixo. Sabe aqueles dias que você pensa: "o que estou fazendo aqui?", pois é.
Nesse momento, entrou uma mãe com o filho, com idade em torno dos 7 anos. A mãe sentou e ficou esperando ser atendida. Segundo este meu amigo, também estava com uma expressão de "zuada". A criança sem a menor cerimônia também sentou-se para aguardar o atendimento, mas de cabeça para baixo. Olhando aquela cena, meu amigo pensou: "Cara, que vontade de sentar de cabeça pra baixo! Porque eu não posso mais fazer isso? Quando é que a gente perde essa inocência, fica enquadrado e para de sentar de cabeça pra baixo?" ou seja, quando é que a gente vira adulto, e deixa de ter prazer nas coisas que fazemos?
Foi aí que começou nossa conversa de verdade, porque respondi quase sem pensar: "Por isso que sou palhaço!". E quando eu digo, quase sem pensar, foi assim mesmo, porque depois de dizer é que fui refletir.
Indo mais fundo na reflexão desse meu amigo, penso: Quando decidimos que o trabalho tem que ser duro, penoso, estressante e tedioso para valer a pena o dinheiro que estamos recebendo? A gente até se sente mal quando diz que está se divertindo ou tendo prazer com o que fazemos para ganhar dinheiro.
Quando estou negociando uma apresentação, muitas vezes o contratante quase me diz: Mas você vai se divertir, fazer o que te dá prazer, e ainda quer que eu te pague? Quero sim! Porque quando o trabalho que eu faço proporciona tudo isso pra mim, pode ter certeza que a qualidade do serviço que você está contratando vale o dobro do que está pagando.
Imagine uma comemoração de uma prefeitura, ao ar livre, para toda a população (ou algo semelhante). Pra quem eles vão pedir que venha trabalhar de graça? O artista, claro! Porque o cara do som, está trabalhando. O cara do palco, está trabalhando. As pessoas da organização do evento estão trabalhando. Mas o artista, está se divertindo. Pra que ainda ganhar pra isso?
Mas e daí que o cidadão está se divertindo com o trabalho que escolheu? Divirta-se também. Sendo médico, advogado, contador, gerente, gari ou qualquer outra profissão.


DIVIRTA-SE! Porque eu, pode ter certeza que me divirto! E ganho pra isso!